terça-feira, 16 de outubro de 2007

A HISTÓRIA E A LEGISLAÇÃO DA LÍNGUA INGLESA NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA

Aqui está um trecho do meu TCC sobre ABORDAGEM COMUNICATIVA.


O ensino de língua estrangeira no Brasil desenvolveu-se num contexto sócio-político-cultural. E para compreensão desse fator voltaremos ao passado no início da colonização.

O Brasil é marcado historicamente por uma colonização de exploração. Esse fato determinou uma relação de dependência brasileira quanto aos fatores econômicos, políticos e culturais. O período como colônia de exploração deixa suas influências econômicas no Brasil por todo o período colonial, pelo período imperial, estendendo-se ainda pelos primeiros anos da República.

Desde o início a coroa portuguesa não manifestou o desejo de desenvolver aqui uma atividade industrial. Todos os produtos aqui consumidos na época eram importados da Inglaterra via Portugal. Os navios portugueses levavam para a Europa os produtos agrícolas produzidos no Brasil e voltavam carregados de produtos manufaturados. Além da dependência econômica, havia também a dependência política, sobretudo as tomadas de decisões, que eram feitas em Portugal ou por representantes portugueses residentes no Brasil. Nesses moldes, a economia brasileira figurou-se como a grande extensão européia do século XVII, pois a Europa constituía o grande mercado consumidor do açúcar produzido no Brasil. (Pinto apud Silva, 2003:59).

Culturalmente o Brasil também estava subordinado aos padrões estéticos dominantes por Portugal. Como havia apenas produção agrícola por aqui, necessitava-se de uma classe letrada habitando o Brasil. Os poucos membros da elite colonial, que buscavam o ensino superior, assim o faziam nas universidades portuguesas, mais precisamente, nas de Coimbra.

Em 1808 com a instalação, na cidade do Rio de Janeiro, da sede da monarquia (chegada da corte portuguesa devido às ameaças napoleônicas), inicia-se, por necessidade, a modernização do país, mediante a abertura de portos, a instalação da Imprensa, a criação da Biblioteca Nacional dos Cursos Superiores, da Academia de Belas Artes e do Real Teatro de São João.

Mesmo com o início do Império e surgimento das primeiras indústrias, apesar de adquirido uma pequena autonomia, o país permaneceu dependente, principalmente da Inglaterra. Em relação à dependência cultural, modificou-se pouco, pois os modelos estéticos continuaram a ser importados da Europa; um exemplo foi à contratação de professores franceses para trabalharem na Academia de Belas Artes.

No início da República desenvolve-se a monocultura cafeeira, fator esse que evidência o atraso aos países desenvolvidos tanto na Europa como nos Estados Unidos, estes passavam por transformações tecnológicas e pelo crescimento da industrialização.

Na decorrência das duas guerras mundiais, mudaram-se significativamente as relações políticas e econômicas; o Brasil não mais depende dos europeus como fornecedores de produtos industrializados, passa a buscar nos Estados Unidos os produtos que não eram produzidos na indústria nacional, e os americanos passavam a ser os maiores compradores do café brasileiro.

Após a 1º Guerra Mundial, solidificou-se a dependência do Brasil com os Estados Unidos; num período de instabilidade no mercado cafeeiro, a economia brasileira se viu obrigada a emprestar 50 milhões de dólares em 1921, 25 milhões em 1922, 60 milhões em 1926, 41 milhões em 1927. E juntamente com essa influência americana sobre a economia, a cultura também foi influenciada com a divulgação e uso da língua inglesa pela elite brasileira. Esses fatos marcaram o início das intensas relações comerciais e políticas entre o Brasil e os Estados Unidos.

Na década de 40, o Brasil é significativamente tomado pelo American way of life¹, maneira de pensar e de enxergar o mundo como os americanos. Já na década de 50, o modo americano de viver e as ideologias são transmitidos para crianças e adolescentes através dos desenhos animados do Batman, do Capitão Marvel e do Príncipe Submarino.

Nas primeiras décadas do século XX, as tecnologias de comunicação foram usadas pelos americanos para reforçar a influência que tinham e queriam aumentar sobre os países latinos. Como a imprensa já estava instalada há algum tempo no Brasil, esta foi usada para introduzir a cultura e a ideologia americana por meio de escritas que, em uma linguagem persuasiva, visava incuti-las nos brasileiros, buscando tornar a dominação política, mas aceitável (SILVA, 2003:64).

Na segunda metade do século XIX, os países desenvolvidos voltam-se para a implantação definitiva da escola pública, universal e gratuita. As mudanças na produção industrial e a concentração populacional nos centros urbanos tornam-se fatores para que a eliminação do analfabetismo e uma educação voltada para a qualificação profissional

sejam implantadas com o desenvolvimento das relações capitalistas; nasce a necessidade da leitura e da escrita com o requisito para uma melhor condição na concorrência provocada pelo sistema capitalista industrial.

No Brasil, com a revolução de 30, apareceram novas exigências educacionais. Até o momento, o ensino de línguas estrangeiras estava ligado às questões da aristocracia, nas quais as classes dominantes mandavam seus filhos estudarem na Europa. Devido à Revolução Industrial, essa questão passou a ser direcionada pelas exigências do regime capitalista, visto que as atenções do governo voltavam-se para os países que, no momento, dominavam a economia mundial.

A reforma do ensino secundário, no início proposta pelo decreto 19.890 de 18 de abril de 1931 e depois consolidada pelo Decreto 21.241 de 4 de abril de 1932, continha na grade curricular as seguintes línguas estrangeiras: latim, alemão, francês e inglês. Dez anos depois, em outra reforma, promulgada pelo Decreto-Lei 4244, de 9 de abril de 1942, o ensino volta-se para as questões do patriotismo e da consciência humanística. No currículo ginasial, clássico e científico constavam o latim, o francês, o inglês o espanhol e o grego por opção.

Mudanças para uma nova Pedagogia surgiram apenas após a Segunda Guerra Mundial. O desafio caracteriza-se em trazer o aluno para o centro das atenções, conhecer suas necessidades, preparar um currículo que o leve diretamente aos objetivos, saber como se processa a aprendizagem.

Em 1964, no Brasil, sob o poder militar, o ensino de línguas estrangeiras passou por uma vigilância e controle para atender aos países capitalistas (EUA, Canadá e Inglaterra), sendo que o inglês foi o mais enfocado.

Com a reforma de ensino feita em 1971, por meio da promulgação da Lei 5692/71, no dia 11 de agosto, foram criadas classes destinadas ao ensino de línguas estrangeiras, sendo que a língua a ser ensinada poderia ser escolhida de acordo com a necessidade de cada comunidade.

¹American way of life: modo americano de se viver

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